Em um dia desses, enquanto digitava códigos no ritmo da batida do heavy metal, comecei a pensar a respeito do meu trabalho. O que é o trabalho de programador?
Quando se trabalha em empresas menores, você acaba acumulando funções. Você é o consultor, que não raramente, acaba sabendo mais do negócio do que o próprio cliente. O programador também é o analista. Afinal, quem melhor para descrever a automatização? A lista de personas que o programador assume durante os ciclos de desenvolvimento do software — quer sozinho, quer em grupo — é extensa. Contudo, hoje quero focar na parte artística.
Sim! O programador é um artista.
Bom, pra falar a verdade, talvez esse título seja pesado demais para alguns. Apesar disso, gostaria de justificar a minha afirmação.
Você já viu um quadro o Kandiski? O movimento artístico chama-se abstracionismo. Se você não conhece, trata-se de um movimento que representa figuras abstratas. É aquele que é um pouco mais difícil de ser compreendido que o cubismo. Compreendo o uso de abstracionismo para nomear este movimento artístico, mas eu penso: Toda forma de arte não é uma abstração?
O artista plástico tem uma inspiração. Um sonho, uma ideia ou alguém dando bobeira segurando uma sombrinha. Ele tenta transferir essa inspiração pro papel ou pedra. Por mais que ele se esforce, por mais que ele queira ser Realista, o produto de sua arte sempre será uma abstração da sua inspiração. Ceci n’est pas une pipe, já nos demonstrou Magritte.
Abstrações: É o que nós programadores fazemos o dia inteiro! Por mais direcionado e exato seja o seu trabalho, não se iluda: você está escrevendo uma peça artística. Só que ao invés de pintar bodes tocando violino, você está abstraindo problemas, processos. Ao invés de um quadro ou monumento, o produto de sua arte é um software: 150mb de abstrações de uma empresa.
Passamos horas e horas buscando a técnica mais apurada para solucionar um problema. O pintor passa o dia inteiro buscando entender a incidência da luz sobre um lago e buscando a melhor forma de representar as marolas em um quadro. Sempre que aparece um bug, buscamos uma forma de entendê-lo e matá-lo. Não são poucas as pinturas que, no processo de restauração, descobriram os erros do artista escondidos entre várias camadas de tinta. Como vê, nem é tão diferente assim o nosso trabalho.
Quando o atalho de compilação é apertado pela última vez antes do build, momentos de tensão se desfazem na execução perfeita do sistema. Artista plástico e Programador gritam juntos: Parla!
Mas a pergunta que fica é: E você? Acredita que está esculpindo arte à cada martelada no teclado?
Feliz dia do programador e programadora!